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Mas como posso ir rever minha cidade
se nas ruas da saudade meus amores não verei?.
Se lá no alto, na casinha tão branquinha,
não está minha mãezinha, pois sem ela já fiquei.

"GERSON COUTINHO DA SILVA"



O CEGO DA RABECA

O CEGO DA RABECA

Não nasceu sem a luz dos olhos,
foi queimadura em menino.
Por ter o pai fogueteiro,
então lhe cegou o destino.

Com a casa em chamas um dia,
saiu de dentro aos prantos, engatinhando.
O rosto, carne viva. Uma chaga só.
e dai jamais se viu enxergando.

Casou sem ver a mulher que teve,
que colecionou amantes, foi uma infiel.
Fugiu com um da estrada de ferro,
ficando o cego só, triste ao leu.

e nas raias do abandono e do deleixo.
caiu  no esquecimento da vida social.
tomou também o gosto pela bebida.
este sim, foi o seu grande mal.

se viu pedindo esmolas. É um artista.
Que arranca da rebeca notas de raiz.
E quanto mais bonita lhe sai a música,
mais esta aflora sua sina infeliz.